sexta-feira, 1 de julho de 2011

Vida e integridade: o exemplo de Eduardo Galeano

Por Vinícius Dino

Compartilho neste post um vídeo com um depoimento do escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor de diversos livros que mesclam ficção e não-ficção. Sua maior obra é "As veias abertas da América Latina", em que analisa nossa condição histórica de exploração e dominação, e cuja influência no pensamento latino-americano é incomensurável. Desde os anos 70 o livro é um clássico e tem sido muito lido na academia brasileira e fora dela. Nesse vídeo em particular, Galeano dá o seu relato pessoal sobre o ressurgimento das manifestações de rua na Europa, na forma do movimento Democracia Real Ya! (democracia real já), na Espanha. Os protestos começaram em maio deste ano e rapidamente reuniram milhares de "indignados" (outro nome dos manifestantes) com as condições de vida nos países periféricos da Europa, que sofreram com maior intensidade os efeitos da crise financeira de 2008. Na Espanha, por exemplo, o desemprego entre a população jovem chega a 40%. Os protestos são fortemente inspirados por aqueles que varreram o norte da África no começo do ano, e se diferenciam do modo tradicional de ir às ruas por serem movimentos articulados de forma horizontal, pela internet, sem líderes ou uma hierarquia clara, e sem intermédio de partidos políticos ou sindicatos. Aliás, a descrença quanto a essas entidades dá o tom dos protestos, pois muitos dos governos que estão aplicando as medidas de cortes nos gastos sociais e completa submissão ao mercado financeiro são ditos "socialistas". Com suas sábias palavras, proferidas em um acampamento do movimento cheio de jovens em Barcelona, Eduardo Galeano revela que agir por sua própria emancipação ainda vale a pena, especialmente em um mundo onde a apatia perece reinar. E ao rejeitar o rótulo de "intelectual", mostra que as vezes é melhor ser apenas humano.

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